O tempo passa pra todos, conosco não foi diferente, lembro-me de quando éramos crianças, você era meu melhor amigo, contava os dias para te ver, tenho certeza que fazias o mesmo, passávamos horas, as vezes dias, brincando e conversando. Então chegou a adolescência, nossos hormônios aflorados, rolou algo pela primeira vez, ainda lembro desse dia, se você lembra, bom, eu não sei dizer. Então começou o bullying, você só tinha duas escolhas, ou ficava do meu lado e sofria comigo, ou ficava do lado deles e fazia eu sofrer a sua parte também.
Eu não te conheço mais, mas eu vejo o arrependimento em seus olhos, se eles ainda forem os mesmos do passado. Já pensei várias vezes em falar contigo, mas toda vez que tento nunca temos um assunto, é como se você fosse um completo estranho, apesar disso ainda lembro de certas manias suas, como você odeia comer feijão com os bagos, gosta apenas do caldo, ou que você odeia que te vejam escovando os dentes ou fazendo a barba.
No enterro do nosso avô, quando fui falar contigo naquele momento quando estavas sozinho sentado em um túmulo qualquer, eu ia contar o quanto sentia sua falta, falta do meu primo, falta do meu melhor amigo, então meu irmão se aproximou e você agiu como na nossa adolescência, exatamente igual, mas mesmo no meio de tudo aquilo pude ver a dor em seus olhos, se a dor era por mim ou pela morte do nosso avô eu não faço ideia. Talvez você também sinta minha falta, mas não posso afirmar nada, pois a muito tempo não sei mais quem você é.
Hoje você tem sua namorada, é natural que você não queira mais relembrar o passado, afinal, quem de nós dois seria feliz ficando juntos em uma família com tantos preceitos?
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